sábado, 5 de fevereiro de 2011

Traceur ao Resgate!!!

Quem preferir pode começar a ler do segundo parágrafo. Só queria dizer aqui em primeiro momento que voltei a atualizar o blog (como é notável) após muitos meses. Tentei fazer dele algo constante como foi no início, porém muitas coisas me atrapalharam a seguir com isto aqui. Conteúdo, treinos, encontros, trips não faltaram... Os treinos fixos conseguiram se manter realmente fixos, com pessoal marcando ponto toda sexta lá em Camboinhas; viagem para JF foi uma das melhores da minha vida; consegui organizar o 2º Encontro Niteroiense da melhor forma possível e conseguimos lotar os picos de Niterói com os Traceurs; aniversário comemorado em meio a Virada Esportiva em São Paulo, dando  oficinas, credenciando o pessoal, falando besteira e dormindo poucas horas no chão, mas com tudo isso ele foi perfeito; por fim o nosso querido 6º EBPK que deu certo trabalho para todos nós Omnis, mas que foi feito de coração. Com tudo isso, com tantos locais novos que treinei, tanta gente que conheci, não faltaram conteúdos e pensamentos para serem expressos aqui, tentarei focar mais em minhas postagens pois gosto de registrar todas essas passagens que acho interessante para que outros leiam e que pra frente me fazem refletir no quanto evoluí.

Agora sim do que se trata esta postagem. Ontem ocorreu o Evento de mobilização Social organizado pela ABPK o : Traceurs ao Resgate, que tinha como fundamento mobilizar os praticantes de todo o Brasil para que nesse dia eles se reuníssem e doassem alimentos, água, roupa e tudo mais à Cruz Vermelha ou outro órgão responsável de levar essas doações para as vítimas da região serrana. O que me motivou a voltar as postagens foi o fato dessa ação ter superado em muito nossas expetativas.

A princípio tudo parecia tão comum e simples. Juntamos os traceurs disposto a ajudar e fomos fazer um treino no qual passássemos pela Cruz Vermelha para deixarmos nossa doação. Tudo ocorreu normal, chegamos lá, deixamos o que tinhamos trazido, registramos isso e já tínhamos de certa forma um sentimento de que estávamos fazendo a nossa parte, até que em um exato momento, um dos responsáveis por lá nos perguntou se podíamos ajudá-los a carregar os pacotes de fraldas que eles haviam recebido de doação para o terceiro andar, pois eles estavam numa área exposta e lá acabaria por desperdiçar grande parte do material recolhido.

Fui unânime a resposta de todos os espartanos presente de querer ajudar. Era um trabalho árduo que levou duas horas e meia. Afinal, eram ao todo algo de 1000 pacotes no qual cada pacote deveriam conter em torno de 8 a 10 pequenos pacotes de fraldas, nada tão pesado assim, (nos primeiros minutos...). Formamos uma corrente no qual íamos passando os pacotes de mão em mão até subir 3 andares e no meio disso tudo as pessoas se revezavam entre ir buscar água, retirar pacotes de fraldas dos caminhões que chegavam e a organizar depois tudo no último andar. Foram duas horas e meia de esforço físico direto, duas horas e meio de união, duas horas e meia de suor, duas horas e meia de solidariedade, e um sentimento de satisfação que não se compara a nada. 16 traceurs unidos, fazendo a sua parte, dando de toda sua força bruta, para ajudar a salvar parte das doações para muitos daqueles que perderam tudo.

Em meio a todo esforço, eu apenas virava para meu grande amigo JC, abria um sorriso e falava: "o sentido dessa ação está nisso tudo aqui..." . O "ser forte para ser útil" sendo posto em prática, sendo testado, te fazendo refletir como funciona seu espírito de traceur. Usar toda nossa força bruta, que adquirimos ao longo de anos de treino, para uma causa; o espírito de companherismo e solidariedade sendo refletido alí; a união de seus companheiros que entoavam gritos para lhe dar força de continuar trabalhando; e a missão cumprida no final das contas. 

Por esses momentos que vejo como tudo no final valeu a pena, conseguimos contribuir não só na doação material, mas doando aquilo que nós possuímos e conquistamos e que ninguém tira: Nosso espírito solidário de traceur e nossa força bruta.

Att Montanha para todos!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Uma Sombra na Noite

Quarta iniciei mais um dos treinos que vou levar a diante regularmente, que são os treinos da noite. Sozinho, na escuridão, apenas eu, aqueles corrimões, e uma grande lua presente naquele momento.

À noite tudo é diferente, o lugar onde você está acostumado a treinar muda, cada barulho remete a alguma espécie de animal, ou pessoa que esteja passando. Poucos carros passam, porém varias pessoas correndo passam, a noite passa, e  meu treino continua. A distância entre os obstáculos tendem a aumentar na escuridão, sua precisão já não se torna mais precisa, é necessário fazê-la às cegas, e desenvolver assim uma visão corporal do ambiente, que está além de seus olhos. 

Inicio um treino das tais "precisões as cegas", minha meta: executar 100 precisões zeradas. No início eu me sentia como se tivesse desaprendido aquilo tudo que estes 4 anos e meio me fizeram desenvolver. Errava muitas, o equilíbrio falhava, e a quantidade de acertos demorava para subir. A ideia inicial era parar a cada 30 para treinar braço, enquanto descansava as pernas, porém a cada um que eu acertava, a vontade de ir até o final de uma única vez se tornava maior. Fui caindo, voltando, acertando, caindo de novo, até algo em torno de 60 precisões corretas, depois disso, comecei a sentir uma espécie de comodidade, como se meu corpo tivesse se adaptado totalmente a escuridão, e devido a isso, e a concentração que havia desenvolvido, parei de errar, comcei a fazer 70, 80, 90... o número de acertos só tendia a subir, e junto dele a ansiedade de ter feito estes 40 últimos sem nenhuma falha, me chegava a cabeça. Porém em um último momento, devido à uma pequena movimentação que surgiu na rua, eu me desconcetrei, e na precisão de nº 98 eu não consegui zerar... Levantei, fiz as 2 últimas que me restavam e fiquei pensando se aquela imagem que tinha construído de que eu realmente estava concentrado, se ela ainda valia.Talvez ainda seja preciso trabalhar mais isso, esquecer por alguns momentos o mundo que está ao seu redor, este mundo que muitas das vezes te olha estranho, que diz o que você é capaz ou não de fazer, este mesmo mundo que repreendeu suas habilidades quando ainda era criança, impondo-lhe medo de buscar o desconhecido, de trilhar novos percursos, e de aprender mais ainda com seu corpo e mente.


No meio dessa escuridão, enquanto me focava no que estava fazendo, passavam pessoas correndo, e ficava eu imaginando o que elas estariam pensando, estariam se perguntando o que eu estava fazendo, assim como muitos outros sempre fazem estas mesmas perguntas. Muitos ao serem abordados dessa forma, responderiam que estão fazendo parkour, e depois disso teriam que explicar o que isto significa, como acredito que muitos dos leitores deste blog já o fizeram. Mas, para mim, não precisar ser algo tão complexo, não precisamos explicar toda nossa filosofia a todo momento. Precisamos sim fazer com que os outros vejam isso no que fazemos. Por isso quando me perguntam o que estão fazendo, apenas digo, da forma mais natural possível, o que fazemos em nossa essência: " eu apenas me movimento ". Muitos acham estranho, porém mais estranho pra mim, é entender por que ELES não se movimentam ao invés de parar suas vidas para julgar o que fazemos. O sedentarísmo do mundo conteporânea faz com que as pessoas se tornem cada vez mais relaxadas e preguiçosas, esquecendo de apreciar o mundo a sua volta, de fugir das e dos muros no qual estão confinados, de movimentar seu corpo, e principalmente, de sentir-se vivo. 

domingo, 22 de agosto de 2010

O Parkour como algo útil

Pedras - à direita um pequeno pedaço da mata  que há em volta
[ Este post foi escrito na sexta-feira dia 20/08, porém só consegui fechá-lo e postá-lo no domingo, por isso ao se tratar de "hoje" entenda por sexta-feira ;P ]



Hoje tinha tudo para ser um dia normal: treino de manhã, treino de tarde, treino de..., e sair a noite. No treino da tarde treinei uma galera nova, no qual gostei bastante. De manhã treinei com uma outra galera que já havia treinado antes e deu pra treiná-los de forma diferenciada.

Tirando a normalidade e entrando para o que quero abordar aqui, foi o fato que aconteceu na segunda parte do treino da manhã. Treinamos no estacionamento em Camboinhas, como sempre, e depois o pessoal queria conhecer as pedras na praia, onde também treinamos lá.. é um lugar muito bonito imerso a natureza, o que te dá um clima bem legal para treinos e reflexões, embora seja um local meio perigoso para os que estão começando, devido suas difuldades.  O que me instigou lá, foi quando estávamos chegando as pedras, ainda na praia, ao avistá-la.

Olhei de longe e vi parte da vegetação que cobre o início das pedras toda queimada, ainda com alguns vestígios de fumaça. Fiquei de certa forma chocado com aquilo, imaginando como aquilo poderia ter acontecido. Adentrando mais ainda as pedras, chegando a segunda parte delas, onde custumamos treinar, na parte mais alta, vi fumaça do outro lado e o cheiro da fumaça chegava ao meu nariz de forma até a dificultar a respiração. Percebi então que vestigios dessa queimada insolente ainda restava por ali. Até que vi um desses caras q ficam pescando e cozinhando mexilhão na praia, subindo com um balde d'água, por meio das pedras e tentando apagar parte do fogo que sobrara, não deixando que ele se alastrasse mais e mais. Foi então que pedi para que deixasse comigo, e aos poucos fui indo pegando água, atravesando as pedras subindo nelas até chegar no foco da queimada e conseguir pelo menos controlar o resto que sobrou dela. Em um primeiro momento que fui fazer isso, o mestre cuca de mexilhão( que não vive na fenda do bikini), me alertou sobre como andar nas pedras, porém ele não fazia idéia do quanto estou acostumado a treinar nelas e o quanto estou adaptado em encontrar o melhor caminho e me guiar por ele. Enquanto dava uma de David Belle, usando meu parkour para apagar o fogo, já que o mesmo era bombeiro, refletia sobre a situação na qual me encontrava.

Eu me questionava sobre o como eu fui chegar ali e uma espécie de trajetória toda, um grande flash back de tudo que já treinei e li sobre utilidade me veio a tona. Comecei a imaginar que se não fosse pelo Parkour eu não estaria ali naquele e momento, e mesmo que estivesse não sei se teria o mesmo espírito colaborativo e a mesma habilidade para executar da forma que foi feita. Desde o pensamento de ajudar a proteger a ameaça a nossa restinga, quanto a força que eu precisei para carregar litros d'água, até a minha habilidade de locomoção para que fizesse isso rápido, realmente são fatos que estiverem presentes graças a esses anos todos de Parkour. Após ter feito o que era possível, apesar do estrago já ter sido grande, o sentimento de missão cumprida florava no meu interior. A busca pelo útil, por seguir essa filosofia do "Etre fort, pour etre utile" ( ser forte para ser útil ) se faz mais presente agora em minha vida, e um dos grandes trunfos do parkour, no meu ver, é você realmente conseguir com tudo isso ser útil para você e ao mesmo tempo, a todos que estão em sua volta.

Att

Montanha

sábado, 14 de agosto de 2010

" Minhas Pernas Não Tremem mais."



Meu segundo registro de treinos. Hoje novamente Matheus Pelluso, meu primo, que tem se empenhado e se esforçado bastante nos treinos me acompanhava... dessa vez o Sol escaldante da tarde de ontem deu lugar a um tempo fechado, com direito a ventanias e pequenos chuviscos pela manhã e que pernacerá ao longo do dia. Nada porém que impedisse de levar o treino adiante.
Não quero ficar aqui bombardeando os outros com relatos chatos sobre movimentos e coisas que fiz em cada treino específico, mas a pensamentos que me ocorreram em determinado momento em que eu me encontrava comigo mesmo refletindo sobre o que e como eu estava fazendo naquele momento. 
Hoje, aquele silencio comentado sobre ontem, se manteve mais presente. Apesar de eu estar com um tripé, registrando alguns movimentos novos, o meu maior momento nesse treino, está registro apenas em minha mente, e no meu corpo, como uma superação e domínio sobre o mesmo. A muito tempo venho tentando executar uma certa precisão de altura, nada tão gritando para muitos, mas é algo do qual tirei uma grande lição sobre controle. O que mais me preocupava, e travava nessa precisão, era sem dúvida a altura de onde eu estava, pro corrimão que iria cair. O medo do impacto ser muito grande, de se passar a precisão e cair, e principalmente, de torcer o pé com isso. Coisas que só existem em nossas cabeças, e que servem para controlar nossa preservação, e manter o espírito de ser e durar. Para  tentar realizá-la, antes fui aos poucos me adequando a outras precisões de altura, com variações menores, e tentando zerá-las perfeitamente, para desenvolver o maior controle de força do meu corpo. 
Após uma série dessas precisões que venho trabalhando a algumas semanas/meses, estava lá eu de frente àquele gap, olhei em volta, e é como se o tempo tivesse parado, ou como se ele vivesse paralelamente ao que eu fazia, o mundo exterior foi aos poucos sumindo, o vento batia na camisa que estava em minha cabeça, e isso só me lembrava que um mundo lá fora continua, e que aquele momento seria único, e que naquele momento era aquilo que eu vivia. 
Olhei durante alguns minutos, atentamente para aquele corrimão e só o que eu pensava, era em quanto tempo eu me preparei pra isso. Meu corpo estava firme, minha cabeça erguida, eu abria e fechava as mãos como se estivesse ansioso por aquilo, e pergunta que vinha em minha cabeça era sempre a mesma:" você está pronto para isso?", e era ai que a dúvida persistia, até que em determinado momento comecei a reparar no meu corpo, e as lembraças que tenho disso era de ter dito comigo mesmo: "Minhas pernas não tremem mais." senti o peso daquilo tudo de antes, ir embora rapidamente, meu corpo me mostrava o quanto ele estava preparado para aquilo, só bastava preparar a cabeça. Com isso reclinei meu corpo e saltei, pousei mais leve do que em muitas precisões da mesma altura, zerei de primeira, e o medo todo que havia com impacto, acabou que não senti nenhum impacto que não estivesse acostumado a amortecer. Ao olhar pro lado, nenhuma câmera, ninguém olhando, nem mesmo Matheus estava prestando atenção em mim. É que algo que vou guardar comigo, uma sensação que poucos sentem, a sensação de se superar, de ter chegado no seu objetivo, e depois dele só me resta desenvolver outros objetivos em mente, e aos poucos a evolução vai se mostrando presente. A cada movimento, a cada treino de força que testam seu limite e sua perserverança, você já cresceu bem mais do que era, quando se levantou da cama neste dia. 

E assim sigo buscando novas metas, e treinando duro, pois agora " minhas pernas não tremem mais"...




Att

Montanha

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Abrindo o Blog

Olá aos interessados, e aos forçados a olhar este meu blog....
Começo abrindo o blog explicando o porquê dele que é bem simples: apenas um registro de alguns de meus treinos e pensamentos(muitas vezes retiradas desses treinos)que pretendo compartilhar com os interessados e deixar registrada minha evolução e os caminhos que tenho feito para chegar a mesma.

Hoje estreiaram os Treinos Fixos aqui em camboinhas que irão acontecer agora Toda Sexta-Feira a partir das 15:00 hrs em Camboinhas. Como uma galera não pode aparecer por alguns problemas, treinamos apenas eu e o Matheus Pelluso. Apesar de haver apenas nós dois foi um dos estilos de treino que gosto mt de fazer. Treinamos na mais pura tranquilidade, cada um em seu canto focado no que estava treinando. Houve pouca comunicação entre a gente, mas cada um entendia perfeitamente o que o outro estava tentando fazer. O sol tava tenso, daqueles que cortam sua resistencia pela metade, mas mesmo assim ficamos bom tempo treinando e deu pra desenvolver coisas novas que antes o medo impedia, como algumas precisões de altura que consegui zerar hoje. Mas algo no qual realmente trabalhamos juntos foi na força. Muitas flexões, uns combos de climb com andadas de cat, equilibrio e quadrupedias subindo e descendo escadas. No final de tudo demos um pulo na praia pra fazermos umas barras, e depois de muito tempo que eu não fazia, consegui puxar um planche sem aquela roubada de lançar um braço depois o outro. Fiquei até meio surpreso pois eu estava realmente bem desgastado pelo treino que havíamos feito. No final de tudo um mergulho clássico na praia de Camboinhas, o problema todo era cair na praia de moletom, mas quanto a isso a solução era simples: tirá-lo, então foi uma viadagem só eu caindo no mar de cueca mas foi tranquilo.

Disso tudo, o melhor momento de todos foi uma parte em que eu me concentrava pra fazer uma dessas tais precisões de altura, e que enquanto eu me concentrava, analisava o obstaculo e tudo mais, comecei a prestar a atenção em minha volta e vi que não se ouvia barulho de carros nem de pessoas, nada, tava um silêncio total para aquele momento, e isso não sei porque, foi algo que dei muita atenção e comecei a valorizar a partir de então e levo isso como clima pra meus próximos treinos.

De início é só isso, deixo uma foto tirada pelo Pedro Gigante em um de nossos treinos. um abraço pra todos que tiveram a compaixão de ler hehhe



Montanha